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Documento escrito por psicólogos colaboradores do
Idéias que se repetem, Preocupações constantes, Medos exagerados. Isso pode ser TOC
Este livreto tem como objetivo levar ao conhecimento da população informações
sobre o Transtorno Obsessivo Compulsivo - TOC -bem como apresentar formas atuais de tratamento.
Cada um de nós pode se tornar um agente de saúde. Para tanto é necessário que
tenhamos o maior número de informações possíveis. Divulgar os sinais e sintomas
do TOC fará com que muitas pessoas, com ajuda destas informações, reduzam o
tempo perdido sem diagnóstico e, conseqüentemente sem tratamento.
Os estudos comprovam que transcorrem em média 10 anos desde o momento
que se instala a doença até que as pessoas consigam o diagnóstico. Isso é uma
pena, pois quanto antes se iniciar o tratamento menor será o sofrimento e o risco
Infelizmente, o TOC passa despercebido com muita freqüência e tende a ser sub- diagnosticado e sub-tratado por diversos motivos. Isto ocorre porque quem sofre
com TOC costuma tentar resolver por conta própria um problema que se
apresenta a todo o momento. Sente-se obrigada a realizar certos comportamentos
que contrariam sua vontade. Na maioria dos casos guarda esse problema em
segredo, porque freqüentemente tem vergonha de falar sobre ele.
TOC: O QUE É ISSO?
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo é uma doença mental crônica (transtorno
psiquiátrico), faz parte dos transtornos de ansiedade e se manifesta pela presença
de sintomas que denominamos obsessões e/ou compulsões.
Obsessões são pensamentos ou idéias, impulsos, imagens ou cenas que invadem
a mente do indivíduo de modo persistente, podendo ou não ser seguidos de
comportamentos (manias) para neutralizá-los. São sentidos como estranhos e
intrusivos causando aumento da ansiedade e grande desconforto. O indivíduo
tenta não pensar ou eliminar o desconforto com atos ou com outros pensamentos.
No entanto, percebe que os pensamentos vêm de sua mente e não como vindos
de fora. Sabe que não fazem sentido, percebe o caráter irracional das obsessões
que passam a ocupar seu tempo e atrapalhar suas atividades normais (seu
trabalho, seu relacionamento familiar, etc).
Compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais que a pessoa é levada a realizar para diminuir a ansiedade gerada pelas obsessões. Esses
comportamentos ou atos mentais são claramente excessivos e se destinam a
prevenir ou reduzir o desconforto gerado pelas obsessões. No entanto, pode haver
também compulsão sem presença de obsessão.
É importante lembrar que comportamentos obsessivos e compulsivos são
necessários em muitos momentos da vida. Por exemplo, para se estudar bem algo
difícil, é preciso um cuidado um tanto que obsessivo, tendo muitas vezes que reler
e relembrar o assunto algumas vezes. Para garantir que um bebê sobreviva nos
primeiros meses de vida, os pais precisam lembrar sempre de alimentá-lo, não
deixá-lo em lugares em que possa cair, limpá-lo e tantos outros cuidados. Ou seja,
esses são comportamentos que garantem a sobrevivência de todos nós e que
foram selecionados durante o processo de evolução.
Assim, embora sejam comportamentos presentes em toda espécie humana, o que
determina o TOC é o grau de intensidade, sofrimento e incapacidade causada por
esses comportamentos. E vários fatores ao mesmo tempo podem determinar isso,
tais como: características genéticas, história de vida de cada um, o ambiente e a
Esses comportamentos podem ser confundidos facilmente com preguiça ou
manipulação. É essencial que você aprenda a ver essas características como
sinais do TOC e não traços de personalidade. Dessa forma, você pode juntar-se à
pessoa com TOC na luta contra os sintomas em vez de ficar excluído sem
entender o que ocorre. Pessoas com TOC geralmente referem que quanto mais
criticados são, mais os sintomas pioram!
Boa parte das pessoas com TOC se esforçam para se libertar dos pensamentos
obsessivos e para evitar os comportamentos compulsivos. Muitas conseguem
controlá-los quando estão no trabalho ou na escola.
As pessoas com TOC geralmente têm consciência do seu problema. Na maioria
das vezes, elas sabem que seus pensamentos obsessivos são sem sentido ou
exagerados e que seus comportamentos compulsivos não são realmente
necessários para o fim a que aparentemente se destinam. Entretanto tal
conhecimento não é suficiente para se livrar da doença.
Há várias formas do TOC se manifestar. A mais comum é aquela na qual as
compulsões aparecem relacionadas às obsessões. Mas pode ocorrer de o
indivíduo apresentar apenas obsessões ou apenas compulsões. Ou seja, uma
pessoa pode ter apenas pensamentos sem fazer nenhum ritual para aliviar. Ou
ainda, aquela que tem que fazer algo para se livrar de um incômodo, muitas vezes
físico, e não de um pensamento ou imagem.
A maior parte das pessoas com TOC apresenta um vaivém do problema, devido
ao curso às vezes flutuante da doença. Você pode se desapontar se tiver
expectativa de que se os sintomas forem embora, isso será para sempre. Algumas
pessoas podem ter um episódio único, sem ter os comportamentos pelo resto da
vida. Entretanto, isso não é muito comum. Quando se trata de TOC, devemos
pensar mais em controle do que em cura, como o diabetes ou a hipertensão. Ou
seja, é possível controlar o problema para se viver bem, sem tanto sofrimento,
mas às vezes não é possível acabar com o problema.
É muito comum o comportamento aparecer ou, ainda, reaparecer em períodos
estressantes da vida ou de mudanças, que podem incluir até momentos alegres e
de mudanças positivas. Em geral, qualquer mudança é complicada para quem tem
Existem também casos, em que o indivíduo passa a evitar as situações que o
induzem a certas obsessões e compulsões. Por exemplo, quando o banho envolve
muitos rituais, tomando muitas horas, pode acontecer da pessoa começar a evitar
tomar banho. Ou então, quando alguém muda seu caminho para o trabalho para
não ter que passar perto de um cemitério.
Os exemplos de obsessões e compulsões que daremos a seguir incluem muitos
hábitos comuns que, de vez em quando, são vistos na vida de quase todas as
pessoas. Lembre-se, um pensamento ou comportamento só é considerado
obsessão ou compulsão se não puder parar com ele, se interferir na vida de
maneira importante e, ainda, se perder muito tempo lutando contra ele:
OBSESSÕES DE CONTAMINAÇÃO E COMPULSÕES DE LIMPEZA
• Medo de pegar germes sentando em determinada cadeira, cumprimentando
alguém, tocando alguém, pegando em maçanetas.
• Medo de entrar em contato com excrementos ou secreções do corpo, como
vômito, urina, fezes, sêmen, suor, secreção vaginal (de si próprio ou de
• Medo de ser contaminado por substâncias radioativas, medo de coisas
associadas com cidades contendo lixo atômico. Medo de ser contaminado
• Medo de ser contaminado por insetos ou animais. • Nojo de fitas adesivas ou substâncias pegajosas que possam conter ou não
• Medo de ficar doente como um resultado direto de ser contaminado, pode
incluir doenças específicas como AIDS, câncer.
• Necessidade de lavar repetidamente as mãos por causa de preocupações
com sujeira ou germes ou porque não sente que suas mãos estão limpas o
suficiente. O ritual pode envolver a necessidade de lavar as mãos um certo
número de vezes ou ter que lavá-los de uma maneira específica.
• As atividades de higiene no banheiro podem precisar ser realizadas de
• Preocupação ou medo de ser contaminado por torneiras, vasos sanitários,
pisos, utensílios de cozinha, produtos de limpeza e solvente. Além disso,
sentir nojo da idéia de entrar em contato com qualquer um destes itens.
• Ter compulsões que envolvem limpeza excessiva de móveis da casa ou de
objetos inanimados (brinquedos, roupas, material escolar, enfeites,
• Rituais mentais (compulsões que você faz “na sua cabeça”) que tenham a
• Tomar medidas para prevenir ou evitar/remover o contato com substâncias
que podem causar contaminação. Evitar fazer certas coisas ou ir a certos
lugares por causa das preocupações com contaminação. Pedir para
membros da família que removam inseticidas, lixo, lata de gasolina. Pedir
para as pessoas abrirem portas, ou usar luvas. Não utilizar banheiros
públicos, não usar toalhas de mão de hotéis ou apertar as mãos de outras
OBSESSÕES E COMPULSÕES DE COLECIONISMO
• Medo de jogar coisas fora (papéis, documentos, recibos, etc) pela
possibilidade de precisar delas no futuro.
• Manter muitas coisas guardadas por seus valores sentimentais, ou por
causa de uma necessidade incontrolável de colecionar as coisas.
• Preocupações sobre perder um objeto insignificante ou sem importância
• Pegar objetos sem nenhuma razão em especial e guardar porque não
conseguiu decidir se deve ou não jogar fora.
• Ter quartos cheios de jornais velhos, anotações, latas, toalhas de papel,
embalagens e garrafas vazias. Não conseguir jogar essas coisas fora por
medo de ter que precisar delas algum dia.
• Ter rituais mentais (compulsão que você “faz na sua cabeça”) relacionados
• Evitar certas ações, pessoas, lugares ou coisas para prevenir compulsões
de colecionismo. Não passar por certas lojas ou supermercados, ou não ler
o jornal, pedir a outra pessoa para limpar seu armário e/ou jogar suas
OBSESSÕES E COMPULSÕES DE SIMETRIA, ORDEM,
• Ter preocupação ou sentimentos desconfortáveis sobre alinhamento de
papéis e livros, preocupação com a realização de cálculos, com a
necessidade de fazê-los corretamente ou necessidade de escrever de
• Ficar extremamente preocupado se certas sensações, pensamentos ou
• Verificar repetidas vezes enquanto lê, escreve ou faz simples cálculos para
certificar-se de que não cometeu um erro. Isto pode envolver fazer listas de
coisas para fazer, assim como checá-las obsessivamente.
• Levar horas para ler poucas páginas de um livro ou para escrever uma
pequena carta porque fica lendo e relendo. Isto pode também envolver a
procura por uma palavra ou frase “perfeita”, ou preocupar-se por não ter
realmente entendido o significado do que leu, ou ficar preocupado com o
• Necessidade de entrar/sair de casa várias vezes; sentar/ levantar várias
vezes de uma cadeira. Repetir atividades rotineiras como ligar e desligar
aparelhos, colocar e tirar um objeto da mesa, pentear o cabelo ou olhar
para determinado local. Pode não se sentir bem até fazer essas coisas um
determinado número de vezes ou até que uma certa sensação de simetria
• Necessidade contar coisas como azulejos, pisos, brinquedos, janelas,
telhas, pregos na parede, livros em uma estante ou até mesmo grãos de
• Necessidade de endireitar papéis ou canetas sobre a mesa ou livros na
estante. Pode gastar horas arrumando as coisas na sua casa numa
determinada “ordem” ficando muito chateado se esta “ordem” é alterada.
• Ter compulsão após tocar ou fazer algo no lado direito, precisar tocar ou
• Necessidade de tocar, esfregar ou dar pancadinhas. Sentir o impulso de
tocar superfícies ásperas como madeira ou superfícies quentes, como o
fogão. Sentir o impulso de tocar outras pessoas, ou de tocar um objeto.
Necessidade de esfregar ou pegar algo como o telefone para evitar que
• Medo de ter dito coisas erradas, preocupação de não encontrar a palavra
ou frase perfeita antes de dizer algo ou responder a alguém.
• Ter rituais mentais (compulsão que você “faz na sua cabeça”), relacionados
a obsessões e compulsões de simetria, ordem, contagem e arranjo.
• Evitar certas ações, pessoas, lugares ou coisas para prevenir a ocorrência
de obsessões e compulsões sobre simetria ou exatidão. Por exemplo, não
olhar para certas coisas na casa porque elas certamente irão desencadear
obsessões ou compulsões de ordenação/arranjo ou exatidão.
OBSESSÕES SOBRE AGRESSÃO, VIOLÊNCIA, DESASTRES
• Medo de ferir a si mesmo com uma faca ou garfo, medo de segurar ou estar
perto de objetos pontiagudos, medo de se jogar na frente de um carro ou
medo de andar perto de janelas de vidro.
• Medo de ser ferido por não estar sendo suficientemente cuidadoso. Medo
de que pessoas ou determinados objetos venham a lhe ferir.
• Ficar procurando por feridas ou sangramentos depois de segurar objetos
pontiagudos ou quebráveis, ou checando com médicos ou outros para se
reassegurar de que não feriu a si mesmo.
• Medo de envenenar a comida de outras pessoas, medo de ferir bebês,
medo de empurrar alguém para frente de um carro ou de um trem.
• Preocupações de estar evolvido em um acidente de carro, medo de ser
responsável por não dar assistência em uma catástrofe imaginada, medo
de ferir os sentimentos de alguém, medo de causar ferimentos por dar
• Medo de começar um incêndio ou ser responsável por um assassinato ou
• Verificar se não feriu alguém sem saber. Perguntar aos outros para
reassegurar-se, ou telefonar para certificar-se de que tudo está bem.
• Ter imagens de assassinatos ou acidentes ou outras imagens violentas
• Medo de falar coisas obscenas em um lugar quieto com muitas pessoas em
volta – como uma igreja ou sala de aula. Medo de escrever coisas
• Medo de tirar as roupas em público ou parecer tolo em situações sociais. • Medo de apunhalar um amigo, atropelar alguém, bater o carro em uma
• Procurar nos jornais e noticiários no rádio ou televisão se aconteceu
alguma catástrofe que você acredita que possa ter ocasionado. Pedir para
outros lhe reassegurarem de que nada aconteceu.
• Ficar longe de objetos pontiagudos ou quebráveis. Evitar manusear facas,
• Necessidade de realizar a mesma ação repetidas vezes depois de ter tido
um “mau” pensamento sobre agressão/ferimentos, com o objetivo de
• Ter rituais mentais (compulsão que você “faz na sua cabeça”) relacionados
a obsessões sobre agressão, violência, desastres naturais e compulsões
OBSESSÕES SEXUAIS E RELIGIOSAS E COMPULSÕES RELACIONADAS
• Ter pensamentos sexuais involuntários sobre estranhos, familiares ou
• Ter pensamentos indesejáveis sobre molestar crianças sexualmente,
• Ter medo de ser homossexual ou medo de, subitamente, transformar-se em
“gay”, quando não existem razões para estes pensamentos.
• Ter imagens indesejáveis de comportamento sexual violento com adultos
• Ficar checando os órgãos genitais, a cama ou roupas para ver se há
alguma evidência de ter feito algo errado. Perguntar para se reassegurar de
que nada ruim de natureza sexual aconteceu.
• Não ir a uma seção de revistas em uma livraria por causa de algumas fotos
• Ter medo de ter pensamentos blasfemos, dizer sacrilégios, ser punido por
• Ter preocupações sobre estar sempre fazendo coisas de uma maneira
moralmente correta ou preocupações sobre ter dito uma mentira ou ter
• Ter medo de dizer algo terrível ou impróprio que possa ser considerado
desrespeitoso para alguém vivo ou morto. Algumas pessoas têm medo
• Verificar a Bíblia ou outros objetos. Perguntar ao padre, rabino, pastor ou
outras pessoas para se reassegurar de que nada aconteceu.
• Limpar ou checar excessivamente objetos religiosos. Rezar durante várias
horas ou procurar por reasseguramentos com líderes religiosos com mais
• Não ir a igreja ou não assistir a certos programas de TV porque podem
provocar pensamentos de estar sendo possuído pelo diabo ou por alguma
• Necessidade de realizar a mesma ação repetidas vezes depois te ter um
“mau”, pensamento obsessivo sexual ou religioso com o objetivo de
• Perguntar para outras pessoas sobre possíveis coisas erradas que tenha
feito, confessar algo errado que não tenha acontecido ou contar às pessoas
seus pensamentos íntimos para se sentir melhor.
• Ter rituais mentais (compulsão que você “faz na sua cabeça”) relacionados
a obsessões sexuais e religiosas e compulsões relacionadas.
OBSESSÕES E COMPULSÕES DIVERSAS
• Procurar reassegurar-se com amigos ou médicos de que não tem uma séria
doença como cardiopatias ou um tumor no cérebro ou alguma outra forma
de câncer. Checar repetidamente partes do corpo ou tomar o pulso
compulsivamente, assim como sua pressão sangüínea ou temperatura.
• Evitar certas ações, pessoas, lugares ou coisas para prevenir a ocorrência
de obsessões e compulsões sobres doenças. Não passar por um hospital
porque isto provoca pensamentos sobre doenças.
• Precisar lembrar coisas insignificantes como números de placas de carros,
• Ter medo de passar por um cemitério, por um carro funerário, por um gato
preto, passar debaixo de uma escada, quebrar um espelho ou medo de
• Não pegar um ônibus ou trem se seu número for um número de azar como
o treze. Relutar em sair de casa no dia treze do mês. Jogar fora roupas que
usou quando passou por uma casa funerária ou por um cemitério.
• Preocupações com certos números como o treze, ter que realizar atividades
um determinado número mágico de vezes, ou ter que iniciar uma atividade
somente em uma hora de sorte do dia. Outro exemplo é evitar números que
• Ter obsessões e/ou compulsões sobre cores com significado especial. Por
exemplo, preto pode ser associado com morte, vermelho pode ser
associado com sangue ou ferimentos. Evitar o uso de objetos de uma
• Escutar palavras, canções ou músicas que vem à mente e não consegue
pará-las. Ficar preso ao som de certas palavras ou músicas.
• Ter imagens com cenas neutras. Ficar vidrado, fixado em detalhes visuais
• Evitar certas ações, pessoas, lugares ou coisas para prevenir qualquer uma
destas obsessões e compulsões diversas. Por exemplo, não passar por
locais com muito barulho ou não escrever certos números.
• Ficar paralisado realizando comportamentos repetitivos e isso lentifica as
ações. Tomar banho, vestir-se ou ir para casa são atividades que tomam
horas do dia. Outros podem ficar paralisados comendo ou falando, e estas
atividades tomam muito mais tempo do que o necessário.
• Fazer muitas listas de coisas ou atividades. • Preocupação de que algo terrível pode acontecer a um de seus pais ou
filhos ou namorado (a) e que em decorrência disto você nunca mais poderá
• Ter compulsões ou rituais realizados para prevenir a perda de alguém (ou
ser separado de alguém) muito querido. Por exemplo, seguir essa pessoa
especial de aposento em aposento, ou telefonar diversas vezes; ter que
rezar ou realizar rituais específicos para evitar que coisas más aconteçam a
• Ter compulsões para se livrar de pensamentos sobre se tornar uma outra
pessoa. Por exemplo, empurrar os pensamentos para longe ou realizar
algum ritual para se livrar destes pensamentos.
• Necessidade de olhar algo até que seus contornos pareçam “estar legais”;
ou “ter que” olhar para as coisas de uma determinada maneira por um
• Ter necessidade de repetir algo que você ou outra pessoa tenha dito. Pode
ser uma determinada palavra que você não consegue tirar da cabeça ou
pode ser o final de uma frase que você acabou de dizer ou ouviu alguém
• Preocupação com a aparência, segurança ou funcionamento do rosto,
orelhas, nariz, olhos ou alguma outra parte do corpo. Preocupação de que
uma parte do corpo seja muito feia ou deformada, apesar dos outros
• Procurar reasseguramento sobre a aparência com amigos. Verificar
repetidamente se há odores em seu corpo ou verificar a aparência (rosto ou
outros pontos do corpo) procurando por aspectos feios. Necessidade de se
arrumar continuamente ou comparar alguns aspectos de seu corpo com os
do corpo de outra pessoa; você pode ter que vestir certas roupas em
determinados dias. Ser obcecado com o peso.
• Ter obsessões sobre comida. Preocupação excessiva com receitas,
• Ter obsessões com a necessidade de fazer exercícios para queimar
calorias. As compulsões relacionadas incluem exercícios que devem seguir
certas regras ou ter uma determinada duração de comer. Ter que comer de
acordo com um ritual rígido, ou ter que esperar para comer até que os
ponteiros de um relógio estejam marcando uma determinada hora.
• Puxar os cabelos do couro cabeludo, os cílios, a sobrancelha ou os pelos
púbicos. Usar os dedos ou pinças para puxar os pelos. Freqüentemente
esse comportamento envolve procurar pelo “cabelo certo”, remover o
folículo ou morder o cabelo. Causar falhas na cabeça que exijam o uso de
uma peruca ou arrancar os cílios e sobrancelhas completamente.
• Cutucar a pele ou outros comportamentos de automutilação (obsessões e
compulsões). Cutucar a pele em volta das unhas ou próxima a
machucados. Machucar a si mesmo ou piorar os machucados.
• Ter que arranjar/arrumar a comida, faca e garfo em uma determinada
EPIDEMIOLOGIA: O QUE OS ESTUDOS MOSTRAM? O TOC não é uma doença nova. São encontradas descrições clínicas do que hoje
se compreende por TOC desde cerca de 300 anos atrás. No entanto, era algo
praticamente desconhecido até a década de oitenta. Foi só a partir daí que surgiu
maior interesse pelo assunto, registrando-se crescente número de pesquisas, com
aumento dos conhecimentos e de sua divulgação.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu o TOC na lista das dez doenças,
entre todas as especialidades, que mais produzem incapacidade. Durante muitos
anos o TOC foi considerado uma doença rara. Porém, acredita-se que existam
muitas pessoas aprisionadas pela doença, tentando esconder seus pensamentos
e comportamentos repetitivos, ou ainda, por desconhecerem o fato desses
sintomas constituírem uma doença, não procuravam ajuda, o que levava os
especialistas em saúde mental a subestimar o número de pessoas afetadas.
Estudos recentes indicam que é um transtorno freqüente, afetando em média 2 %
da população. Por exemplo, em um grupo de 50 pessoas da população uma pode
. Pesquisas apontam que, mais freqüentemente, o transtorno costuma aparecer no
final da adolescência e em número semelhante para ambos os sexos. Entretanto,
existem casos com início anterior a esta idade (início precoce), acometendo mais
Recentemente, outra pesquisa indicou que 25% dos portadores algum dia
O QUE ACONTECE NO CÉREBRO DE QUEM TEM TOC? O TOC é um transtorno mental que tem base neurobiológica, ou seja, alterações
no funcionamento cerebral podem provocar sintomas de TOC. Um exame de
tomografia computadorizada do cérebro mais sofisticada, que chamamos de PET-
SCAN, tem mostrado que o consumo de glicose em algumas áreas cerebrais está
geralmente aumentado, o que indica provavelmente que estas regiões estão
funcionando em excesso. Esse excesso de funcionamento tende a diminuir
durante o tratamento medicamentoso, como também mediante terapia
comportamental. As áreas mais relacionadas com o TOC seriam os núcleos da
base. O neurotransmissor envolvido no TOC seria predominantemente a
serotonina, já que medicações que interferem com a serotonina alteram o TOC.
QUAIS AS POSSÍVEIS CAUSAS DO TOC?
A pesquisa das causas se concentra na interação de fatores neurobiológicos e
influências ambientais. Acredita-se que pessoas que desenvolvem TOC tenham
uma predisposição biológica a reagir de forma acentuada ao estresse. Estudos
genéticos do TOC e de outras condições relacionadas poderão, algum dia,
possibilitar definir genes que predispõem ao surgimento do TOC. Estudos
genéticos recentes, associados a pesquisas de anormalidades neuroquímicas em
portadores de TOC, têm sugerido que quando há um caso de TOC, outros
membros da mesma família podem ser afetados pelo mesmo ou por transtornos
relacionados, como a Síndrome de Tourette. Foi verificado que entre gêmeos
idênticos (monozigóticos) a concordância pata TOC é maior (cerca de 65%) do
que entre os não idênticos (dizigóticos), o que mostra que o fator genético
apresenta um papel relevante. Isso significa que se um gêmeo tem TOC, a chance
de seu irmão gêmeo também ter é de até 65%. Até agora, não foram feitos
estudos com indivíduos adotados ou com gêmeos criados separadamente para
observar quanto os genes podem determinar estes comportamentos
independentemente do ambiente no qual cada um está e forma de criação. Parece
que pessoas com TOC têm uma vulnerabilidade genética que é desencadeada por
fatores ambientais. As investigações em andamento sobre as causas prometem
ainda mais esperança para as pessoas com TOC e suas famílias.
COMO TRATAR O TOC? Psiquiatras experientes concordam que um tratamento ideal inclui medicação,
terapia comportamental, educação e apoio familiar. As medicações associadas à
terapia comportamental são consideradas hoje as primeiras opções de tratamento.
Felizmente, na maioria das vezes essa associação terapia+medicação consegue
atenuar ou eliminar completamente os sintomas. Na prática, principalmente na
saúde pública de nosso país, nem sempre os pacientes estão em condições de
procurar uma terapia comportamental. Infelizmente para muitos casos a
medicação poderá ser a única terapia ao alcance do paciente.
MEDICAÇÃO Um grande número de substâncias já foi experimentado no tratamento do TOC,
porém, parece haver um consenso de que as drogas inibidoras da recaptação da
serotonina são as mais eficazes na redução dos sintomas. O antidepressivo de
primeira geração que se mostrou muito eficiente foi a clomipramina. No entanto,
apesar da sua eficácia comprovada, seus efeitos colaterais fazem com que esta
não seja mais a droga de primeira opção. Outros antidepressivos de segunda
geração também podem ser usados, como a fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina,
citalopram, sertralina e venlafaxina. Geralmente essas medicações são usadas em
doses muito elevadas. Importante saber que estas medicações não provocam
Além do mais outros medicamentos podem ser associados aos antidepressivos
buscando aumentar seus efeitos, como os chamados neurolépticos ou
antipsicóticos (haloperidol, pimozida, risperidona, olanzapina, quetiapina),
calmantes ou ansiolíticos (clonazepam, buspirona), etc. Todos esses
medicamentos também são usados para tratamento dos sintomas de outros
É freqüente que os efeitos antiobsessivos, ou seja, a melhora dos sintomas,
demore a aparecer depois de iniciado o medicamento, podendo acontecer apenas
depois de dois meses. As medicações somente serão eficazes se tomadas de
forma adequada e sem interrupções. A interrupção por conta própria, antes do
tempo recomendado, pode provocar recaída.
Seguem abaixo os medicamentos mais usados com as doses recomendadas:
Prozac, Verotina Daforin, Deprax, Até 80mg dia Depress, Eufor, Fluxene, Neo Fluoxetin,
Zoloft, Assert, Novativ, Sercerin, Até 200 mg dia Serenata, Tolrest
Aropax, Cebrilin, Paxil, Pondera, Até 80 mg dia Roxetin
Haldol, Halo, Haloper, Loperidol, Em média 3 a 4 mg dia Uni Haloper
Risperdal, Respidon, Risperidon, Em média 4 mg dia Viverdal, Zargus
Importante lembrar que outros medicamentos podem ser usados em casos
PROBLEMAS PSIQUIÁTRICOS QUE PODEM ESTAR ASSOCIADOS
É comum a presença de outros transtornos associados ao TOC. A isto damos o
nome de comorbidade. As mais freqüentes são depressão, transtorno bipolar,
fobias, ansiedade generalizada, pânico, abuso ou dependência de álcool e drogas,
esquizofrenia, etc. Existem também transtornos que se assemelham ao TOC por
também apresentarem alguns comportamentos repetitivos. A isso damos o nome
de transtornos do espectro obsessivo compulsivo. Fazem parte desse espectro a
tricotilomania (arrancar os próprios cabelos e pelos de maneira recorrente), skin-
picking (dermatotilexomania: cutucar excessivamente a pele), tiques e síndrome
de Tourette (tiques motores e vocais) transtorno dismórfico corporal (percepção
errônea e exagerada sobre a aparência física), comprar compulsivo, anorexia
TRATAMENTO PSICOTERÁPICO
Todo tratamento psicoterápico é válido quando realizado de maneira correta e por
profissionais competentes. Entretanto, existem mais estudos que mostram que o
tratamento com Terapia Cognitivo-Comportamental apresenta maior eficácia na
melhora dos sintomas obsessivo-compulsivos, bem como na manutenção dessa
É importante para as pessoas que têm TOC e para os seus familiares que
reconheçam que a medicação isoladamente tem um limite na eficácia de afastar
os sintomas totalmente. Informações, terapia e grupos de apoio são ações
complementares que podem ajudar muito. A resposta ao tratamento com
antidepressivos é de até 60% enquanto que se for associada terapia, a eficácia
Quando as medicações são efetivas, a maioria dos portadores diz que estas
ajudam a rejeitar as preocupações e a resistir às compulsões mais facilmente.
Assim, algum esforço por parte do portador é necessário para diminuir a
ansiedade envolvida e facilitar o enfrentamento, e a medicação ajuda nesse
processo. Quando a medicação é interrompida, entretanto, os sintomas tendem a
retornar dentro de algumas semanas ou meses e novamente torna-se mais difícil
resistir à necessidade de realizar as compulsões. Adicionando outras técnicas
terapêuticas, particularmente a terapia comportamental, temos maiores chances
de conseguir tratar com menos medicação ou até mesmo sem medicação após
um determinado tempo de tratamento. Os estudos mostram que quem faz a
terapia consegue ficar mais tempo em remissão dos sintomas mesmo sem tomar
Especificamente para o tratamento do TOC, na terapia comportamental procura-
1) Fazer o enfrentamento do problema através da técnica de exposição com
2) Analisar situações passadas e atuais nas quais o comportamento ocorre
para identificar o que o mantém acontecendo.
3) Fortalecer habilidades em geral – sociais, profissionais, artísticas e
esportivas a partir da aquisição e manutenção de repertórios reforçados.
Como se dá a exposição com prevenção de respostas?
É sabido por experiências em laboratório e observações na clínica que uma
pessoa que apresenta um medo grande, quando em maior contato com estímulos
relacionados a este medo, inicialmente apresenta um aumento da ansiedade e
desconforto, mas que depois de um tempo (uma hora e meia, aproximadamente),
estes começam a diminuir. Na segunda vez em que entra em contato com o
estímulo a ansiedade tende a ser menor do que no começo da primeira vez e
assim sucessivamente até que deixa de incomodar.
Com base nisto, a terapia procura fazer com que a pessoa que apresente as
obsessões entre em contato com seus medos (seja através do contato com
objetos ou imaginando situações temidas), e se procura evitar que ela faça o ritual
para aliviar-se. Se o ritual for feito, a ansiedade diminui e não há exposição real.
Este é um trabalho que deve ser feito de forma cuidadosa por um profissional,
uma vez que quando não bem planejado pode fazer com que a pessoa desista do
tratamento frente ao incômodo, devido à tamanha ansiedade que ele pode gerar.
É preciso que se tenha uma idéia do grau de ansiedade das várias obsessões e
compulsões e sempre começar pela exposição daquela que incomode menos.
Quando esta primeira não incomodar mais, é possível passar para o item seguinte
de menor incômodo e assim sucessivamente.
Embora muito difundida em estudos científicos internacionais, esta é uma técnica
usada com reserva por terapeutas comportamentais brasileiros. Podem-se usar as
técnicas seguintes com resultados tão bons quanto a exposição com prevenção
de respostas, sem trabalhar de forma tão aversiva.
Como se dá a análise de contingências?
Por meio dos relatos do paciente, o terapeuta direciona perguntas para que ambos
identifiquem as situações nas quais os comportamentos obsessivo-compulsivos
ocorrem. Assim, procura-se investigar o que está acontecendo um pouco antes ou
enquanto se tem o comportamento, e o que acontece depois – as conseqüências.
Por exemplo: toda vez que o paciente passa perto de um hospital (situação
anterior), ele tem que pôr suas roupas para lavar e tomar um banho no qual se
esfregue muitas vezes (resposta) até que se sinta limpo/descontaminado
Outro exemplo: o paciente chega em casa, e está ocorrendo uma discussão entre
seus pais (situação anterior). Imediatamente ele fica ansioso, se tranca no
banheiro e começa a fazer rituais (resposta). Depois de um tempo lá, os pais
percebem o que está acontecendo com ele, param de brigar e vão tentar tirá-lo do
Com isto, é possível perceber que não só o que vem antes, mas também as
conseqüências diretas e indiretas do comportamento podem controlar este. Assim,
é possível planejar intervenções no próprio ambiente (instruir os pais a dar
atenção para comportamentos saudáveis do paciente antes que ele comece os
rituais, ou até indicá-los à terapia familiar), ou preparar o paciente a agir de outra
forma diante da situação (que será explicada no terceiro item).
Em muitos casos, a pessoa apresenta regras formuladas a partir de eventos
passados em sua história de vida que podem contribuir para a manutenção dos
comportamentos obsessivo-compulsivos. Por exemplo: um dia a pessoa decide
mudar todo seu visual (corta o cabelo, coloca uma roupa nova, refaz seu
currículo.), vai à procura de um emprego e neste mesmo dia é chamada para
trabalhar exatamente no local que queria. Depois disso acontecer, essa pessoa
pode chegar à conclusão (regra) de que para que coisas boas aconteçam em sua
vida, ela terá que fazer muitas mudanças no mesmo dia, e nunca fazer mudanças
em outros dias, pois elas teriam que acontecer todas de uma vez para dar certo.
Neste tipo de situação, a regra foi formulada a partir de algo que realmente
aconteceu. No entanto, é muito provável que não tenha sido o fato de ter feito tudo
num mesmo dia que tenha feito com que conseguisse algo bom. Mas as pessoas
costumam adotar esse tipo de regra, principalmente, quando as coisas não andam
muito bem, e diante de algo que dá certo, passam a fazer exatamente tudo aquilo
Diante disso, é possível junto ao paciente: 1) questionar a veracidade destas
regras (observando situações semelhantes com outras pessoas, ou ainda com a
própria pessoa) e 2) introduzir durante a terapia situações que propiciem outras
Como se dá o reforço de repertórios?
No início do processo terapêutico é muito comum o terapeuta perceber que o
paciente não tem passado por situações agradáveis, e que ele tem procurado
fazer tudo o que sabia (mesmo que isto seja fugir da situação) ou tinha de melhor
para oferecer na tentativa de resolver seus problemas. É importante frisar que só
agimos de uma certa forma porque este comportamento foi adquirido no passado
(ao fazer houve conseqüências boas que o mantiveram), e muitas formas de se
comunicar ou resolver problemas nunca foram por muitos aprendidos.
Assim, aquele com problemas pode não ter o repertório necessário para enfrentar
determinadas situações complicadas em sua vida, ou ainda para conseguir coisas
que o fariam feliz. Nesse momento, a terapia tem o papel de além de analisar a
situação, proporcionar aprendizado de habilidades necessárias.
Em muitos casos, procura-se trabalhar principalmente as habilidades sociais do
paciente, procurando deixá-lo menos passivo e/ou menos agressivo em seus
relacionamentos pessoais e garantindo que ele aprenda a se colocar de forma que
consiga o que quer sem ser indelicado com as outras pessoas. Em todo este
processo, é também revista a história de vida do paciente e a condição atual, que
apontam o por quê dele se comportar da forma como se comporta.
No entanto, qualquer comportamento que traga benefícios diretos para a pessoa é
válido. Assim, habilidades artísticas, esportivas, culturais, profissionais podem
muito bem ser apoiadas também, garantindo que a pessoa tenha mais fontes de
Mas, por que tanta preocupação em enfrentar outros problemas e não focar no
TOC? Porque o TOC apresenta-se com maior intensidade principalmente nos
momentos em que temos problemas. Em alguns casos, ele se torna algo menos
incômodo do que a própria vida do paciente. Assim, é muito importante aprender a
lidar com situações complicadas, e isso é feito adquirindo-se novos repertórios.
Para a aquisição e manutenção de qualquer comportamento é necessário que,
após ele ocorrer numa dada situação, haja uma conseqüência que garanta que
numa próxima situação parecida a pessoa vá se comportar da mesma forma
(reforçador). É muito importante entender que, o que reforça, “dá valor” ao que foi
feito, não é necessariamente algo bom, mas uma conseqüência que faça a pessoa
manter-se se comportando daquela mesma forma.
Em muitos casos, um elogio pode ser um ótimo reforçador, em outros, o silêncio é
melhor. Há ainda aqueles nos quais um olhar furioso da mãe pode garantir a
atenção que é extremamente reforçadora para comportamentos malcriados da
criança. É valioso, assim, identificar o que é importante para cada pessoa.
Uma vez tendo identificado isto, o terapeuta pode começar a “incentivar”
determinados comportamentos no paciente. Ele faz isto apresentando aquilo que é
valorizado pela pessoa após ela se comportar da forma esperada. Muitas vezes, a
conseqüência direta da ação já pode ser reforçadora. No entanto, foi necessário
“treinar” o comportamento antes com o terapeuta.
Exemplo: um paciente que sofre com sua própria timidez, toda vez que conta
alguma coisa sorrindo e olhando diretamente para o terapeuta, o terapeuta
comenta que está muito agradável conversar com ele (reforço). Isto é mantido
(apresentar reforço nestas situações) até que o paciente comece a ter o mesmo
comportamento com outras pessoas, e passe a perceber que toda vez que faz
isso, as pessoas ficam mais descontraídas e gostam de estar ao seu lado (o que
De forma geral, fazer coisas que nos tragam conseqüências que valorizamos e
saber lidar com situações complicadas são habilidades que podem ser adquiridas
e garantem uma vida melhor para qualquer um.
OUTRAS FORMAS DE TRATAMENTO.
Sabemos que de 30 a 40% dos pacientes com TOC não melhoram de seus
sintomas. Nesses casos existem algumas alternativas de tratamento. Por
exemplo, clomipramina endovenosa, eletroconvulsoterapia (se depressão
associada), e em casos extremos a neurocirurgia. Esta última pode ser realizada
de formas e em diferentes locais do cérebro. É possível até mesmo utilizar cirurgia
com raios gamma sem a necessidade de abrir o crânio (ainda em estudo).
AUTO-AJUDA
Mesmo estando em tratamento (medicação e terapia), é possível a própria pessoa
com o transtorno e/ou sua família procurarem formas de contribuir para melhora
Dicas para a pessoa:
• Procurar informações a respeito. • Lembrar que o que acontece não tem a ver com falta de caráter ou preguiça • Procurar fazer coisas que goste. • Diante de um problema, não fugir ou fingir que ele não existe. Procurar
formas de resolvê-lo, se possível conversando com os outros para
identificar outras formas de lidar com uma mesma situação.
• Aos poucos, tentar questionar seus medos, preocupações, se eles
• Aos poucos, tentar enfrentar situações temidas, tentar se controlar ou
deixar de fazer os rituais. Se for fazer isto sozinho, releia a parte de
“exposição com prevenção de respostas”. Lembre-se que você deve
começar sempre por aqueles rituais e medos que menos te incomodam, e
fazer todo dia algum tipo de exposição (no mínimo três vezes por semana)
que dure, pelo menos, uma hora e meia, ou o tempo necessário para a
ansiedade diminuir. Quando a preocupação, o medo ou a necessidade de
fazer algo passar a não incomodar mais, você pode pegar o item seguinte
Dicas para a famíliae/ou amigos (quem convive diretamente),
além de se apropriarem das dicas anteriores, é importante lembrar
• A pessoa não está assim porque quer. Ela provavelmente está sofrendo, e
não sabe outra forma de resolver sua situação.
• Dizer o que tem que ser feito e que não faz o menor sentido, dificilmente
tem resultados, e acaba gerando desentendimentos.
• Pressionar e/ou criticar também não ajuda. Embora pareça que ajude em
alguns momentos, em longo prazo não funciona.
• Procure observar em quais situações os rituais acontecem e, se possível
estar perto, dar atenção ou qualquer outro tipo de reforço antes da pessoa
começar a fazer os rituais (reler o texto sobre reforçamento de repertórios
• Se você costuma ajudar nos rituais, ou estar perto quando o medo está
mais intenso, procure aos poucos (de vez em vez) tirar um pouquinho da
sua presença nesses momentos, e estar presente no momento proposto na
• Procure incentivar qualquer forma de habilidade da pessoa, lembrando que
nem sempre o elogio é a melhor forma de se fazer isto.
• Procure cuidar dos seus próprios problemas. Observe (principalmente
mães) se sua vida não está em função dos cuidados para com a outra
pessoa (que tem TOC). Se esse for o caso, é importante reconstruir sua
própria vida. Só então será possível ajudar o outro.
• É importante olhar e valorizar as coisas que o portador tem conseguido
• Em geral, quando há alguém com TOC na família, todos os membros da
família estão passando por problemas que se referem diretamente ao TOC
e/ou problemas que não têm a ver com o TOC, mas que podem contribuir
para a manifestação dele. Assim, é muito importante que todos procurem
ajuda, principalmente os mais próximos. Esta ajuda pode ser por grupos de
apoio a familiares, orientação familiar, terapia familiar ou até mesmo terapia
COMO A ASSOCIAÇÃO DE PORTADORES PODE AJUDAR?
Sendo o TOC uma patologia de curso crônico que causa considerável prejuízo na
qualidade de vida do portador e de seus familiares, os especialistas recomendam
que os envolvidos busquem ajuda em Associações e Grupos de Apoio. É
importante para o êxito do tratamento a aproximação com outras pessoas que
como eles estão vivenciando essa experiência . Como os tratamentos são de
longa duração, por vezes sentimentos de frustração e desesperança permeiam as
relações familiares. Os Grupos de Apoio oferecem um foro para aceitação mútua,
Na cidade de São Paulo, no ano de 1996, foi fundada a primeira Associação
Brasileira voltada a apoiar portadores de TOC e Síndrome de Tourette (ST)
(tiques). É uma entidade, sem fins lucrativos, dedicada a incentivar as pesquisas
sobre essas patologias; apóia e orienta familiares e portadores; luta contra
estigmas e preconceitos e busca aumentar o conhecimento da população em
geral sobre o TOC e a ST. Num trabalho pioneiro no nosso país fundou os
primeiros Grupos de Apoio onde existe a possibilidade da troca de experiências
com outros que lutam para vencer a doença. É importante salientar que estar
ligado a uma associação permite que se obtenha material científico atualizado,
assistir a palestras sobre o tema e desta forma, ter instrumentos para lidar com os
próprios sintomas ou se possa ajudar um ente querido a eliminá-los.
Outras associações estão surgindo no Brasil: no Rio de Janeiro, em Salvador, em
Porto Alegre e em Santos. Pertencer a um grupo de pessoas que lutam por uma
mesma causa faz parte da natureza humana, criando uma zona de conforto onde
se percebe não “ser o único” a ter que enfrentar as vicissitudes inerentes à
patologia propiciando a percepção de que é possível lidar com ela.
Os familiares muitas vezes chegam aos Grupos de Apoio com a pergunta: “Onde
foi que eu errei?” e percebem depois que buscar culpados não trás nenhum
benefício ao portador, mesmo porque na visão moderna do TOC eles não existem.
Se existe um componente ambiental envolvido no surgimento dos sintomas,
,existem outros fatores importantes a serem considerados, entre eles a
predisposição genética. O familiar aprende que o importante é seguir as
orientações médicas propostas, e que ajudar o portador não significa fazer rituais
junto com ele reforçando o problema. No Grupo de Apoio o familiar aprende com
outros a estabelecer novas estratégias para que o ambiente doméstico seja mais
saudável. Como alguns familiares apresentam por vezes sintomas de TOC é uma
oportunidade de rever seus comportamentos e, se for o caso, buscar ajuda
Participando de Grupos de Apoio, os familiares podem entender melhor as
limitações impostas pela doença, o que propicia o desenvolvimento da paciência,
tão necessária quando se lida com uma patologia de caráter crônico.
A ansiedade do familiar em nada contribui para o sucesso do tratamento. Nos
Grupos de Apoio buscamos incentivar a percepção de que o membro da família
afetado deve ser visto em outras dimensões além daquela imposta pela doença.
Que existem qualidades e dons que devem ser valorizados e que cada vitória
contra os sintomas deve ser festejada. Parecem coisas simples, óbvias, mas em
nossa experiência com grupos percebemos ao longo dos anos, que em muitos
casos, o preconceito está dentro do próprio lar.
Quanto aos benefícios encontrados nos Grupos de Apoio para portadores, sejam
eles jovens ou adultos, podemos dizer que são inúmeros além dos já citados. Da
mesma forma que os familiares, o portador encontra no grupo um local seguro,
neutro, onde pode falar de seus sintomas sem ser julgado ou criticado como
ocorre em outros ambientes devido ao desconhecimento das características de
sua patologia pelas pessoas com as quais convive no trabalho, na escola, etc.
Sabemos das dificuldades enfrentadas: a busca por atendimento especializado, o
custo dos tratamentos; as dificuldades diante do sistema público de saúde; as
dificuldades de inserção no ambiente social e como o TOC afeta o desempenho
escolar e profissional. Sabemos também que o uso contínuo de medicamentos
ocasiona muitas vezes dificuldades no manejo dos efeitos colaterais e que
permanecer no tratamento psicoterápico enfrentando seus medos também requer
coragem e persistência. Essas questões podem ser discutidas em grupo e
soluções práticas são encontradas quando várias pessoas dão sua contribuição
nesse sentido, principalmente quando estão todos “no mesmo barco”.
Percebemos ao longo desses anos que os freqüentadores de Grupos de Apoio
que mantiveram assiduidade nos encontros mudaram sua postura diante da
patologia e já estão podendo falar de suas “conquistas” em relação aos sintomas,
das “estratégias” utilizadas no que se refere à inserção no meio social. Relatam
com entusiasmo aos novos membros do grupo, como isso tem melhorado sua
qualidade de vida. Notamos então que a percepção de “não estar só”, “que outros
apresentam sintomas semelhantes”, favorece a adesão aos tratamentos e
estimula a responsabilidade sobre a própria saúde.
É importante salientar que o Grupo de Apoio não substitui as outras formas de
tratamento médico e psicoterápico recomendadas para o transtorno. Acrescenta
elementos positivos para que haja maior receptividade a eles pelo portador.
Os Grupos de Apoio realizados em nome da ASTOC são coordenados por
facilitadores formados em Psicologia. Existe um treinamento desses profissionais
que são aptos a responder perguntas sobre tratamentos e sobre a patologia em
geral.Um Grupo de Apoio difere em sua essência de um grupo de terapia formal
por ser um grupo de periodicidade mensal, aberto, onde a qualquer momento
outro membro pode ser incluído; onde o coordenador exerce o papel de agente
facilitador das relações grupais, não estabelecendo regras ou tarefas aos
participantes, mas sim estimulando que os portadores encontrem um espaço
propício para que possam falar de suas experiências com espontaneidade. Os
Grupos de Apoio da ASTOC seguem o modelo trazido até nós pela OCD
Foundation, com algumas adaptações para a realidade brasileira.
Ler um artigo sobre TOC (como este que você está lendo agora) é útil para todos,
mas poder ouvir o relato de outro ser humano sobre suas lutas e conquistas é uma
experiência transformadora. Busque outros que como você estejam vivenciando
esta caminhada em busca de dias melhores e dêem as mãos , assim o percurso
Countervail Corporation 1 Greentree Center DR. EDSON ALBUQUERQUE TO PRESENT RESEARCH DATA SUPPORTING USE OF GALANTAMINE AS A NOVEL NERVE GAS ANTIDOTE COUNTERMEASURE AT BARDA INDUSTRY DAY Washington DC, Thursday, August 2, 2007 – Countervail Corporation announces that Dr. Edson Albuquerque, Department of Pharmacology and Experimental Therapy at the University of Maryland School o